O Conselho Tutelar de São Gabriel encerrou, nesta quinta-feira (08/06), uma série de palestras nas escolas municipais chamando atenção para alto índice de casos envolvendo abusos e exploração sexual infantil no Brasil. Em razão de imprevistos, algumas instituições de ensino tiveram suas datas reagendadas e ainda receberão palestras.
O trabalho, desenvolvido em parceria com o Centro de Referência de Assistência Social (CRAS Centro Oeste), inseriu na programação 15 escolas municipais e integra as ações do Maio Laranja, mês de combate ao abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes.
O Maio Laranja surgiu a partir de um caso brutal ocorrido em 18 de maio de 1973, em Vitória, no Espírito Santo. Na época, uma menina de oito anos, chamada Araceli, foi sequestrada e sofreu violência sexual, além de ser drogada e assassinada. Os três réus acusados foram absolvidos em 1991.
Diante do caso, entidades de proteção e sociedade civil mobilizadas e indignadas, fomentaram a criação de um dia nacional. A data foi sugerida para 18 de maio, dia do assassinato de Araceli, tornando-se oficial nos anos 2000, a partir da aprovação da Lei Federal nº 9.970/2000.
A iniciativa visa dar visibilidade ao assunto. Hoje, a cada hora, três crianças são abusadas no Brasil. Cerca de 51% tem entre um a cinco anos. Todos os anos, 500 mil crianças e adolescentes são explorados sexualmente no país e há dados que sugerem que somente 7,5% destes casos são denunciados às autoridades.
Em São Gabriel, mais ou menos 40 casos de abusos sexuais são registrados no ano; em apenas cinco meses, 2024 já contabilizou, em média, 20 registros oficiais. No entanto, não é sempre que o Conselho Tutelar é acionado.
A maneira que conselheiros e a profissional do CRAS Centro Oeste, Raquel Chagas, encontraram para tratar do tema (de forma a assegurar a atenção das crianças), foi inserir apresentações teatrais de fantoches e semáforo nas palestras. Os bonecos são um recurso pedagógico usado para esclarecer o que é uma situação de violência sexual e que o silêncio não protege a vítima. O público alvo envolve alunos das turmas de 1º ao 5º ano.
Segundo o colegiado do Conselho Tutelar de São Gabriel, os casos de abuso são preocupantes porque não afetam apenas as vítimas de forma individual, “mas também têm consequências a nível social e comunitário, sublinhando a importância de abordar este problema de forma eficaz e urgente”.
O Conselho Tutelar alerta para a importância da denúncia. “Na suspeita ou em caso confirmado, não fique calado. Pegue seu telefone, disque 100 ou ligue para o Conselho Tutelar, sua identidade será mantida em sigilo e você pode salvar uma criança. Sabemos que a violência deixa marca para toda vida, se não tratada a tempo”.
O Conselho Tutelar de São Gabriel é composto por cinco conselheiros. Além da coordenadora Natiane, também são conselheiros: Elisandra Holz Bartz, Emerson Rudimar da Rosa Vieira, Fabiana Goulart Barcelos e Paulo Elias de Moraes Derzete.
A sede do Conselho Tutelar está localizada na Rua Carlos Antunes, n° 176, com atendimento das 8h às 12h e das 13h30 às 17h30; o telefone para contato é 3237-1366 e 99998.1028 (Plantão).
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