
Está confirmada a data da primeira audiência que trata do caso que apura denúncias de crimes sexuais praticados por Carlos Cristiano Andrade Santos, suposto médium de 49 anos que atuava no Bairro Bom Fim. O MP ofereceu à Justiça denúncia contra ele pelos crimes qualificados de estupro de vulnerável; violação sexual mediante fraude; e importunação sexual. Entre qualificadores apontados pelo promotor, estão a “prática de crime contra descendente, em razão de motivo torpe, tendo como objetivo o controle do comportamento sexual e social das vítimas, e a prática no contexto doméstico e familiar contra a mulher. Ele foi preso, preventivamente, no dia 29 de março. A audiência vai acontecer nesta quarta-feira (28/06), a partir das 14 horas, no Fórum de São Gabriel.
ENTENDA O CASO
Os crimes ocorreram durante supostas sessões espíritas que aconteciam em um centro religioso localizado no Bairro Bom Fim. O suposto médium foi preso no dia 29 de março e permanece detido no Presídio Estadual. O caso estava sendo investigado por policiais do Cartório Especializado em Crimes Contra Vulneráveis. Dois inquéritos foram concluído na primeira semana de abril.
Uma das vítimas era menor de idade quando começou a ser violentada. Segundo a denúncia dela, os abusos aconteceram entre 13 e 17 anos. Por causa disso, o homem responde por estupro de vulnerável. Hoje, a vítima tem 19 anos.
Conforme o relato da vítima, o homem a convenceu de que ela tinha um problema no útero que a tornaria infértil e que somente os atendimentos dele poderiam curá-la. A denúncia veio após atingir a maioridade, aos 18. As duas irmãs dela, mais velhas, denunciaram o médium por abusos no âmbito domiciliar.
Em dois casos, o homem é acusado de fazer uso da profissão para cometer os crimes. Na prática, ele garantia curas milagrosas e aproveitava para tocar sexualmente nas mulheres. Ele ainda orientava as “pacientes” a não procurarem o médico ginecologista.
No centro de atendimento em São Gabriel, o médium recebia diversas pessoas para consultas espirituais e cirurgias de curandeirismo, de acordo com o MP, inclusive com a indicação de medicamentos de uso controlado, sem a devida prescrição médica.
A advogada de uma das vítimas alega que o criminoso se aproveitava da fé das pessoas e utiliza seus pontos fracos (como, condições de saúde) e a confiança que elas tinham nele para cometer os abusos.
Das cinco vítimas, duas contam que ele ava as mãos nos seus corpos, em partes íntimas.
O delegado de polícia ainda não se manifestou referente ao caso.
DEFESA
Em nota enviada para a imprensa, o advogado Bruno Seligman de Menezes, do escritório Cipriani, Seligman de Menezes e Puerari Advogados, responsável pela defesa do médium, diz que a “denúncia imputa condutas que não correspondem à realidade” e que “todas as vítimas pertencem ao mesmo círculo familiar-afeito da ex-esposa do acusado, com nítido interesse em prejudicá-lo”. Para o advogado, também não há justificativa para a prisão cautelar.
Foto – Fernando Ramos / Arquivo