
Na tarde de terça-feira (05), a Polícia Civil lançou o selo “Delegacia de Polícia Amiga dos Animais”, um projeto que levou a criação de um cartório especializado na investigação de crimes ambientais, maus-tratos e crueldade contra os animais. O selo – desenvolvido de forma voluntária pelos publicitários Zeca Honorato e Alejandro Montes – ficou estampado na porta do cartório especializado.
De iniciativa da Chefia de Polícia, o projeto tem por objetivo atender uma demanda antiga dentro da Instituição e surge menos de meio ano depois da aprovação da lei que aumenta a punição para o crime de maus-tratos contra cães e gatos para 2 a 5 anos de reclusão, além de multa e a proibição da guarda do animal.
A inauguração, coordenada pelo delegado de polícia José Soares Bastos, teve a participação da policial Cristiane Sampaio (responsável pelo atendimento) e da vereadora Janaina França; além de protetoras ligadas a ONGs de Proteção Animal, policiais civis e imprensa.
A legislação protege animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos, incluindo cães e gatos, que, aliás, por serem os animais mais comuns em residências são as principais vítimas. Agredir fisicamente, deixar sem comida ou água, sem abrigo adequado ou não procurar um médico veterinário em caso de doença do animal configura maus-tratos.
CASOS RECENTES
Recentemente, pelo menos três casos em aberto não chegaram ao conhecimento da polícia e apavoram quem trabalha em defesa da causa da animal.
No Bairro Élbio Vargas, protetoras resgataram uma cadela que havia sido estuprada. Vizinhos da residência onde foi encontrado o animal se recusaram a falar sobre o caso e o cão foi encaminhado para tratamento veterinário, mas não resistiu aos ferimentos.
No mesmo bairro, os donos de um cachorro desistiram de seguir cuidando do animal e “jogaram” fora. Antes, ainda atiraram na cabeça do cão. O animal foi resgatado, mas morreu após os procedimentos veterinários.
“São muitas situações que merecem atenção especializada. Muito abandono e maus-tratos. Alguns casos, causam indignação. Uma mulher, por exemplo, adotou um cachorrinho, mas depois se arrependeu… para se livrar do animal, ela pagou um menor de idade para se desfazer dele. Uma protetora (independente) descobriu e teve que pagar o mesmo menor para trazer o cachorro de volta”, comenta Lica Silveira, da ONG Amigo Bicho.
O caso mais polêmica e que resultou em prisão aconteceu em fevereiro deste ano. Um homem de 69 anos foi preso em flagrante pela Brigada Militar na área central de São Gabriel. O elemento foi detido quando chegava em sua residência, na Rua da Rivera, próximo aos trilhos da antiga estação férrea. Ele foi acusado de violentar sexualmente de um cãozinho que era criado dentro de casa. As denúncias foram encaminhadas para integrantes da Associação Protetora de Animais São Francisco de Assis (Aspasfa), conhecida como ONG Amigo Bicho.
Além da declaração de pessoas que teriam testemunhado os abusos, o laudo de um médico veterinário comprovou que o cãozinho, macho, teria sido violentado. O homem foi preso e encaminhado para o Presídio Estadual. O cão foi levado por protetoras e ficou aos cuidados da ONG.