No mundo da bola | ELES SAÍRAM DAS QUADRAS, CAMPOS E ESCOLINHAS DE SÃO GABRIEL EM BUSCA DE SEUS SONHOS.

Por Marcel da Cohab
O sonho de ser jogador de futebol, disputar grandes campeonatos e quem sabe ir para a Europa. Esta é história de milhares de meninos por este Brasil, assim como também é de Rafael Vargas, Rafael Gama, Guilherme Lucca, Éverton Cruz, Marcus Miralha e Jorge Mutt. Em comum, além do sonho, o fato de serem nascidos e criados para o futebol em São Gabriel. Todos eles jogaram profissionalmente. Grandes e tradicionais clubes, decisões, futebol europeu. O futebol ficou marcado na vida de todos eles, que mudam o tom de voz e o semblante toda vez que lembram suas agens pelo mundo da bola.

GLÓRIAS NO FUTSAL

Rafael Vargas começou no futsal em São Gabriel defendendo equipes como Comercial e Independente. Com agens pela URI Santiago e 7 de setembro de Alegrete, o goleiro chamou a atenção da ASSOEVA de Venâncio Aires (onde reside ainda hoje) e por lá construiu carreira numa das maiores equipes do futsal do Brasil, tendo disputado 4 finais de estadual dentre outras conquistas. Depois ou por Sobradinho, Cruz Alta, Nova Petrópolis, Salto do Jacuí e Atlético de Candelária, onde jogou até 2019.

EXPERIÊNCIA CONTRA GIGANTES DA EUROPA

Muitos que são atendidos por Rafael Gama numa farmácia de São Gabriel, não imaginam que aqueles os que vão em direção do pedido do cliente, já estiveram em gramados europeus. Gama começou aos 7 anos com o professor Gilberto Montanha, tendo chegado a escolinha da AABB (com os professores Vorley e Dollores) aos 10. O sujeito de poucas palavras dá o lugar ao volante de muitas histórias. E elas vão surgindo com facilidade e nostalgia. De São Gabriel rumou para o Juventude de Caxias do Sul onde disputou duas Copas São Paulo (o mais tradicional campeonato de aspirantes do continente). Assinou seu primeiro contrato profissional com 16 anos e logo o seu estilo clássico chamou a atenção do futebol europeu. O Sion da Suiça (onde já jogaram Assis – irmão de Ronaldinho e Túlio Maravilha foi o destino). Dali para o Reggina da Itália. A experiência na Europa rendeu jogos e até gol contra gigantes como Sevilla (ESP) e Totthenham (ING). Mas no Reggina uma lesão crônica acabou abreviando uma carreira que ainda teria uma tentativa no Lajeadense anos depois. Porém, as dores impediam de jogar em alto nível. No entanto, Gama não lamenta: “embora tudo isso tenha se ado, sou grato ao que o futebol me tornou como homem. O futebol me levou à lugares que com 18, 19 anos eu não teria a oportunidade de conhecer por conta própria”.

AGEM EM DUAS DAS MAIS TRADICIONAIS BASES DO FUTEBOL
BRASILEIRO

Ponte Preta e Portuguesa são duas equipes de muita tradição no futebol brasileiro. A primeira revelou craques como Oscar, Carlos e Dicá. Da “Lusa” surgiram Denner, Zé Maria e Zé Roberto. Nestes dois celeiros de grandes jogadores também esteve o atacante gabrielense Guilherme Lucca. Foi um talento surgido na pracinha da Cohab que logo foi levado para AABB e Cruzeiro/SG. Guilherme disputou duas Copas São Paulo – assim como seu conterrâneo Rafael Gama. Uma carreira curta, mas com títulos na base e os no profissional. Depois ou pelo São Gabriel e conquistou um o pela SERC do Mato Grosso do Sul.

FOI TREINADO POR DOIS TÉCNICOS DA SELEÇÃO BRASILEIRA

De uma família de atletas do futebol amador, Éverton Cruz é irmão do ex-atacante Márcio Cruz. Márcio, o mais velho, foi revelado no São Gabriel, destacou-se no Aimoré em 1994 e foi pra Colômbia onde jogou no Milionários e Júnior Barranquila (tendo disputado 3 Copas Libertadores). Éverton surgiu na escolinha da AABB, sendo levado ao Caxias onde foi campeão de Juniores.Como profissional jogou com Perdigão e Wellington Monteiro (Campeões Mundiais pelo Inter) e treinado por Tite e Mano Menezes (dois treinadores da seleção brasileira). Do Caxias foi para o futebol paraense onde se sagrou campeão por Remo, Castanhal e Cametá. Ainda jogou com Adriano Gabiru no Guarani de Bagé. Meia, canhoto de rara habilidade, migrou para o futsal depois da carreira no campo.

A GENÉTICA DA LATERAL ESQUERDA

Outro que traz o futebol no sangue é Marcus Miralha. Filho do ex-lateral Miralha, Marcus herdou o nome e a posição em campo do pai. Também do tio Neimar que jogou no amador da cidade e na base do Inter. Lateral esquerdo surgiu na AABB, ou pelo São Gabriel e outras equipes do interior. Mas sua vida mudou quando migrou para o futebol amador na região de o Fundo à convite de um amigo ex-jogador do Grêmio. Na cidade de Não Me Toque conseguiu emprego e através do futebol conquistou amigos, respeito e títulos ao lado de jogadores como Felipe (ex-Goiás), Fábio Rockenback (ex-seleção brasileira e dupla GRENAL) além de ex-companheiros de São Gabriel como Bonaldi e Ernestina.

JOGOU EM CAMPEÕES MUNDIAIS

Com agens por gigantes do futebol como Santos, Grêmio e outros clubes de tradição dentre eles Brasil/RS, Pelotas, Fortaleza e Goiás (neste último foi artilheiro do Clube na Copa Sul Americana ao lado de atletas consagrados como Alex Dias, Paulo Bayer e Rodrigo Tabata) Jorge Mutt tem no currículo conquistas como o campeonato Goiano, Catarinense e o Paraense, além de os no Rio Grande do Sul. Mutt jogou em várias equipes tradicionais do Sul e do Nordeste. Canhoto, jogava tanto como meia quanto atacante.

O FUTEBOL NA VIDA

“O conselho para os mais novos, que querem seguir carreira é saber diferenciar o atleta do jogador. Para ser atleta tem que abrir mão de muita coisa, inclusive da adolescência. O sonho é possível, basta ter o talento, a determinação e um pouco de sorte” observa, Rafael Gama.
Guilherme optou pelos estudos, diante de muitas incertezas do futuro. Mas segue trabalhando no futebol, como professor e avaliador da escolinha que o Marítimo de Portugal mantém em Santa Maria. O hoje professor salienta: “Deu muito certo. Realizei um sonho e pude conhecer lugares e pessoas que jamais pensei em conhecer. O futebol me deu isso. ”
“O futebol foi tudo na minha vida. Me deu tudo o que tenho e me proporcionou só coisas boas”, comemora Rafael Vargas cujo envolvimento com futebol hoje se dá no amador e no acompanhamento ao filho Andrey que segue seus os como goleiro, porém nos campos.
Cada um destes atletas teve seu sonho e sua história. O que fica de tudo é que o futebol ensinou muita coisa para todos eles. Vencer ou não vencer é um conceito subjetivo. Se as lições trazidas pela bola servirem para a vida e para os mais jovens, podemos ter certeza que todos eles são vencedores. São pessoas que conhecemos aqui da nossa cidade. Os encontramos no dia a dia e que, por trás de um simples aceno na rua, todos tem uma rica experiência de vida de quem sonhou e, pode algum momento da vida, realizar este sonho jogando em alto nível.
Esses são apenas alguns nomes dentre tantos outros que temos em São Gabriel, como Meneghello, Bruno Ferro, Marião (mais recentemente) e muitos que ainda estão por vir para representar São Gabriel – como fazem na atualidade Michel (Criciúma) e Maurício (Glória/RS) -nas quadras e gramados pelo Brasil afora e, porque não dizer, pelo mundo.

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