EDUCADORES MOBILIZADOS EM PORTO ALEGRE.
O acordo feito a portas fechadas entre ers-Sindicato e governo, na terça-feira (28/01), fortaleceu o atrito entre grupos divergentes dentro da entidade. Os opositores à atual direção se reuniram na quarta-feira (29/01) e decidiram que os professores devem ser comunicados oficialmente sobre o que estão chamando de “conchavo” e “traição”. Para isso, prometem convocar assembleia geral em data a ser definida.
O centro da discussão é o alegado consentimento do ers para que o triênio seja transformado em parcela autônoma, desvinculado ao salário.
“Estamos muito chocados com o que aconteceu, pois o sindicato é nossa ferramenta de luta. Depois desta negociação, a direção não nos representa mais”, enfatizou a ex-presidente Rejane Oliveira.
Ela pontua que o acordo costurado não teve aval da categoria, que estaria unida pela retirada de todo o projeto, sem qualquer discussão sobre aceitar ou não emendas.
O diretor do 41º Núcleo do ers de São Gabriel, garante que o grupo de discussão sindical (do qual faz parte) não participou de nenhuma reunião. “Não ficamos contentes com a aceitação da forma que aconteceu, mas ainda não nos reunimos para avaliar, pois temos a responsabilidade com o Sindicato e com a categoria. Fizemos uma greve forte e, em função disso, o governo acabou mesmo cedendo alguma coisa, que não foi o suficiente (é claro)”, argumentou.
O dirigente ite que é complicado, nesse momento, fazer acusações a direção central, mesmo havendo discordâncias em relação a alguns encaminhamentos durante a greve e da própria reunião com o MDB e a Base do Governo.
“Vamos avaliar o resultado, na próxima semana, até porque a luta ainda segue e tem vários desdobramentos, são várias questões que precisávamos avaliar, como a situação dos funcionários de escola que não tem lei específica para o piso e também foram atingidos com a parcela autônoma. Sinceramente, mesmo não concordando em parte com os últimos acontecimentos, não podemos dizer que a luta foi em vão, No balanço geral, considero que foi válido o movimento”, avaliou.
“O que me entristece mesmo é saber que estivemos perto de conseguir a retirada do pacote e o governador, contrariando a democracia e o direito de greve, se aproveitou da miséria salarial e o comprometimento com as dívidas dos professores e funcionários com o próprio Banrisul, efetuou o corte do ponto e zerou a folha de pagamento dos grevistas. Se utilizou de uma forma desumana para atingir seu propósito”.
COMPLEMENTO
“Hoje, o próprio governador falou que não fez acordo com o ers, tanto é que saíram zerados os contracheques dos professores e funcionários que fizeram greve. Mesmo que tenhamos críticas a direção central, não podemos considerar que houve traição. Na realidade, o governador e seus aliados não mediram esforços para retirar direitos dos professores e funcionários. Partidos, como o MDB, que se colocou como defensor do plano de carreira, mas na verdade estava articulando a aprovação do pacote como forma de se aproximar ainda mais do governo”, complementou do Diretor do Núcleo, professor Pedro Moreira.
Segundo ele, os deputados e partidos que votaram a favor do pacote vão ter a resposta nas eleições.