Ocorrência policial não relata a presença da esposa.
Marli Faria Rodrigues (41) disse que vai demorar muito para conseguir tirar da mente a imagem do acidente que vitimou o seu companheiro, o aposentado Antônio Corrêa Ramos (79). O idoso morreu ao tentar atravessar a BR-290 na noite de domingo (17). O acidente aconteceu próximo ao antigo Engenho Southall, no km 419,1.
Um dia trágico para a família. Marli e o marido estavam indo para o velório do pai dela. Adão Anhanha havia falecido na madrugada daquele mesmo dia.
– Tem coisas que não podemos explicar. Eu fiz de tudo para ele não sair de casa. Disse que não precisa me acompanhar. Mas ele insistiu. Chegou a dizer brincando: “Hoje nos vamos morrer abraçados” – comentou a mulher.
As palavras de Ramos por pouco não se tornaram realidade. Marli conta que chegou a tomar a frente de Ramos pouco antes da BR-290, mas no local, o idoso ou a frente. Por muito pouco o veículo não atingiu ele a mulher.
A batida foi violenta. O homem foi jogado há alguns metros do local. O carro – dirigido por Rogério Dalpaz (27) – só foi parar próximo ao trevo de o a cidade. No registro policial, Dalpaz conta que tentou desviar o idoso, mas não conseguiu.
O mesmo registro não faz referência à presença de Marli no local do crime. – Estranho! Afinal de contas, eu estava ali e vi tudo – comenta.
Uma semana depois do ocorrido, a dona de casa ainda não consegue ver a situação com calma. Disse que dificilmente conseguirá perdoar o motorista.
– Por imprudência ele tirou a vida um amigo, um companheiro e um pai de família. Ele tirou tudo de mim – finalizou.
O delegado de polícia Thiago Firpo disse concluirá o inquérito nos próximos dias. Dalpaz será indiciado por homicídio culposo (sem intenção de matar).
A morte de Ramos foi o segundo caso de atropelamento na BR-290 este ano. No dia 25 de fevereiro, no o das Canas, em Santa Margarida do Sul, um indigente foi atingido por um automóvel. O motorista não prestou socorro. O homem – aparentando 45 anos – foi sepultado no cemitério da Santa Casa de Caridade sem identificação.
Falta iluminação no local.
A escuridão é o maior perigo. O trecho, além de não oferecer condições ideais para a agem de pedestres, não tem redutores de velocidade, o que torna ainda mais arriscado o trânsito de pessoas durante a noite.
Marli lembra que em dezembro do ano ado, ela e o marido quase foram atropelados por um veículo que trafegava com o farol apagado.
Foi Ramos, naquela oportunidade, que salvou a vida da mulher. Ele notou a presença do automóvel e puxou a esposa. O condutor do veículo perdeu o controle e saiu da pista.